DECEPÇÕES. INGRATIDÃO. AFEIÇÕES DESTRUÍDAS – Livro dos Espíritos, Quarta parte, Capítulo 1 – Das penas e gozos terrestres. Perguntas 937 e 938, pág – 530

  1. Para o homem de coração, as decepções oriundas da
    ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade não
    são também uma fonte de amarguras?

    “São; porém, deveis lastimar os ingratos e os infiéis;
    serão muito mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha
    do egoísmo e o egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu próprio o foi. Lembrai-vos de todos
    os que hão feito mais bem do que vós, que valeram muito
    mais do que vós e que tiveram por paga a ingratidão.
    Lembrai-vos de que o próprio Jesus foi, quando no mundo,
    injuriado e menosprezado, tratado de velhaco e impostor, e
    não vos admireis de que o mesmo vos suceda. Seja o bem
    que houverdes feito a vossa recompensa na Terra e não
    atenteis no que dizem os que hão recebido os vossos benefícios. A ingratidão é uma prova para a vossa perseverança
    na prática do bem; ser-vos-á levada em conta e os que vos
    forem ingratos serão tanto mais punidos, quanto maior lhes
    tenha sido a ingratidão.”
  2. As decepções oriundas da ingratidão não serão de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade?
    “Fora um erro, porquanto o homem de coração, como
    dizes, se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que, se
    esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra
    e que o ingrato se envergonhará e terá remorsos da sua
    ingratidão.”
    a) — Mas, isso não impede que se lhe ulcere o coração.
    Ora, daí não poderá nascer-lhe a idéia de que seria mais
    feliz, se fosse menos sensível?
    “Pode, se preferir a felicidade do egoísta. Triste felicidade
    essa! Saiba, pois, que os amigos ingratos que o abandonam
    não são dignos de sua amizade e que se enganou a respeito
    deles. Assim sendo, não há de que lamentar o tê-los perdido.
    Mais tarde achará outros, que saberão compreendê-lo
    melhor. Lastimai os que usam para convosco de um procedimento que não tenhais merecido, pois bem triste se lhes
    apresentará o reverso da medalha. Não vos aflijais, porém,
    com isso: será o meio de vos colocardes acima deles.”
    A Natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser
    amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é
    o de encontrar corações que com o seu simpatizem. Dá-lhe ela,
    assim, as primícias da felicidade que o aguarda no mundo dos
    Espíritos perfeitos, onde tudo é amor e benignidade. Desse gozo
    está excluído o egoísta.

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