Em “Consolo Supremo”, Auta de Souza tece uma ode à esperança em meio às aflições da vida. Através de imagens vívidas e linguagem sensorial, a poetisa contrapõe a visão pessimista da existência à crença na beleza e no poder transformador da fé.

Consolo Supremo

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O poema inicia com a descrição de uma alma abatida pelo peso das dores, refletindo a visão popular da vida como um campo de sofrimento. No entanto, Auta de Souza discorda veementemente dessa perspectiva, afirmando que “ainda há noites formosas” e que “há risos nas amarguras”. Essa recusa do pessimismo absoluto demonstra a importância da esperança como ferramenta para lidar com as dificuldades.

A autora utiliza metáforas como a comparação entre espinhos e rosas para ilustrar a capacidade da beleza de florescer mesmo em meio à adversidade. Essa imagem remete à figura de Jesus Cristo, cuja crucificação, representada pela Cruz do Calvário, é vista como um símbolo de redenção e esperança.

Ao longo do poema, Auta de Souza exorta a alma sofredora a abandonar a melancolia e abraçar a fé. Ela convida o leitor a observar as estrelas, símbolo da grandiosidade do universo, e a encontrar beleza nas flores singelas da terra. A prece, entoada com devoção e confiança, é apresentada como um caminho para alcançar o consolo divino.

O poema culmina com a afirmação de que “a alma que é pura e boa” é sempre feliz na vida, mesmo diante das dores. Essa mensagem inspiradora transmite a crença da poetisa no poder da fé e da esperança para superar os desafios da existência humana.

“Consolo Supremo” se destaca por sua linguagem acessível e pela mensagem positiva que transmite. Através de imagens poéticas e de uma voz compassiva, Auta de Souza oferece um bálsamo para a alma aflita, convidando-a a encontrar beleza e esperança mesmo nos momentos mais sombrios.

Leia o poema Consolo Supremo

Consolo supremo – (A quem sofre)    

  “Bem aventurados os que choram,

porque eles serão consolados.”

                                                    JESUS.

Os tristes dizem que a vida

É feita de dissabores

E a alma verga abatida

Ao peso das grandes dores.

Não acredito que seja

Assim como dizem, não…

Ai daquele que deseja

Viver sem uma ilusão!

Se há noites frias, escuras,

Também há noites formosas;

Há risos nas amarguras;

Entre espinhos nascem rosas.

E rosas também cobriram

O  lenho santo da Cruz,

Quando os espinhos cingiram

A cabeça de Jesus.

Rosas do sangue adorado

– Fonte de graça e de fé –

Brotando do rosto amado

Do Filho de Nazaré.

Ó alma triste, chorosa

Como uma dália no inverno,

Despe da mágoa trevosa

O negro cilício eterno!

Enquanto vires estrelas

Do Céu no imenso sacrário,

Na terra flores singelas

E uma Cruz sobre o Calvário;

Enquanto, mansa, pousar

A prece nos lábios teus,

E souberes murmurar

Com as mãos unidas: meu Deus!

Não digas que à luz vieste

Para chorar e sofrer,

E como a plantinha agreste

Sonhar um dia e… morrer…

Não digas, pobre querida!

Mesmo se a dor te magoa;

É sempre feliz na vida

A alma que é pura e boa.

Consolo Supremo – Auta de Souza, in “Horto”, 1900.

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