As Noúres -Técnica e Recepção das Correntes de Pensamento – Cada século tem uma característica dominante que lhe é própria, especializando-se numa criação particular que parece a razão de ser desse tempo; e é justamente o produto dessa criação que sobrevive, transmitido aos séculos porvindouros.
O nosso é o século dos nervos. Parece até que nossos pais não os possuíam; pelo menos, assim nos aparecem, em sua vida sem agitações, em sua calma, que nós já não conhecemos nem quando repousamos, tanto que freqüentemente nos acreditamos enfermos; mas, então, todos estamos doentes. Os nervos, porém, não são apenas irritabilidade, inquietude, insaciabilidade; não têm, felizmente, só o aspecto visto pela ciência, — o pseudo-patológico da neurose, — mas possuem uma face ainda não percebida, o aspecto evolutivo de uma nova criação biológica: o psiquismo.
Em nossa época atual, o tipo humano está deslocando sua funcionalidade do campo muscular para o campo nervoso e psíquico. Algures, desenvolvi este tema, mas devo agora a ele voltar, porque, se representa o terreno sobre o qual se apoia nossa vida, em que se agita nossa luta e nossa conquista se realiza, é também o cenário em que se enquadra e se justifica o problema presente neste volume de ultrafania.
Não se trata, portanto, de um fenômeno casual: é momento substancial e logicamente situado no curso da evolução biológica e das ascensões espirituais humanas. No caso específico da mediunidade, não poderia deixar de influir a repercussão daquele caso geral, que condiz com o momento de acelerado transformismo que em nosso planeta atravessa hoje a evolução biológica, em sua mais alta fase humana, evolução que, em torno a sua mais excelsa criação, febrilmente se afana.
E a mediunidade se modificou com o transformar-se de todas as coisas; devia, primeiramente, transformar-se na mais evidente manifestação da alma humana.
Apresentou-se a mediunidade, no cenário do mundo atual, através da observação cientifica sob a forma de mediunidade física, de efeitos materiais, com características musculares, tais como eram as manifestações predominantes do espírito humano, nas grandes massas, até o nosso século; hoje, no entanto, tornou-se ultrafania, isto é, uma mediunidade superior, evolutivamente mais desenvolvida — mediunidade de efeitos psíquicos.
Uma vez que tudo evolve, e a evolução nunca se processou tão vertiginosamente como hoje, também a mediunidade deve conhecer sua ascensão. De quanto isso é verdadeiro, também por minha íntima e profunda experiência, direi mais adiante.
Desse modo, até hoje, tem a mediunidade evolvido, em muitos casos, desde a forma física de manifestações materiais até à forma psíquica de manifestações intelectuais.
E tanto, que a primeira forma se apresenta aos nossos olhos, agora mais experimentados e mais habituados a examinar o mistério, como qualquer coisa cada vez menos assombrosa e menos probatória. Cada vez mais se dissipa a mania do maravilhoso; nossa crescente sensibilidade analítica vai tendo sempre menos necessidade do choque que o prodigioso provoca; sempre e menos nos abala o espetáculo das levitações, dos “apports”, das manifestações acústicas, óticas e táteis.
Ao passo que tudo isso é deixado à experimentação científica — que, de resto, já há decênios se move sempre no mesmo círculo, de que parece não sabe sair nem para uma conclusão nem para progredir, — a mente humana pede um alimento mais substancial, um contacto mais elevado, uma nutrição conceptual que a sustente diretamente.
E eis-nos em plena ultrafania.
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1 comentário
EVOLVIDO E INVOLUÍDO - Auta de Souza · 8 de setembro, 2022 às 9:06
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