A Lei de Deus – Pietro Ubaldi. A vida é um jogo vasto e complexo. Podemos deixá-la decorrer levianamente, mas então, ou perdemos o nosso tempo, ou semeamos sofrimentos, cometendo erros. E depois, as conseqüências terão de ser suportadas inevitavelmente por nós.
Fala-se de destino e da sua fatalidade. Mas, os construtores desse destino somos nós mesmos e depois ficamos sujeitos à sua fatalidade. A nossa vida atual apresenta-se como um fenômeno sem causas e sem efeitos, se considerada isolada.
Para ser compreendida, é preciso concebê-la em função das vidas precedentes que a prepararam, e das vidas futuras que a completam. O presente não pode ser explicado senão como fruto do passado, das ações livremente desencadeadas, cujas conseqüências são agora o que chamamos o nosso destino.
Da mesma forma que o passado representa a semeadura do presente, o presente representa a semeadura dó futuro. A semeadura é livre, mas a colheita obrigatória.
Verifica-se, assim, este jogo complexo de semeadura e colheita, entrelaçadas em cada momento da nossa vida.
Esta é a Lei de Deus e ninguém pode modificá-la. Mas dentro desta Lei somos livres para nos movimentar à vontade. Assim, somos ao mesmo tempo livres e dependentes. Temos o poder de nos arruinar ou de nos salvar, como quisermos, mas não podemos alterar a Lei, e a nossa ruína ou salvação fica fatalmente sujeita às normas da Lei de Deus.
Ela regula os movimentos de tudo que existe e do homem também. Conhecê-la quer dizer conhecer as regras do jogo da vida, isto é, a ciência da própria conduta, a arte de evitar os movimentos errados e fazer os certos, para fugir do dano próprio e atingir o melhor bem-estar possível.
É indiscutível a superioridade do homem que possui este conhecimento, em comparação com quem, na luta pela vida, não o possui. O primeiro tem muito mais probabilidades de alcançar sucesso do que o segundo. Para quem conhece a Lei geral, é possível coloca-se dentro dela na devida posição, evitando as dolorosas conseqüências duma posição errada.
O homem comum acredita viver no caos, onde procura impor a própria vontade a tudo e a todos. Mas, de fato, não é assim. Esta suposição é fruto da sua ignorância. Não há vontade humana que possa dominar o poder da Lei.
Esta é constituída, não só como norma, pela inteligência de Deus, mas também como poder, pela vontade d’Ele. Isto quer dizer que as normas são ao mesmo tempo uma força que quer que elas se realizem, uma força irresistível, viva e ativa, sempre presente em todos os tempos e lugares, da qual não é possível fugir.
A Lei é boa, sábia, paciente e misericordiosa, mas é também justa, duma justiça inflexível, de modo que, quando a criatura abusa, ela se desencadeia como furacão e derruba tudo, coibindo o abuso. A coisa mais importante na vida, a base de tudo, é a orientação.
E a maioria vive correndo atrás das ilusões do momento, desorientada e descontrolada. Só quem conhece tudo isto pode orientar-se, inclusive a respeito do seu destino e das finalidades particulares que lhe cabe
atingir na vida atual.
Pode assim evitar os atritos dolorosos contra a Lei, que atormentam os rebeldes, e subir mais facilmente, levado pela corrente da Lei que o ajuda, uma vez que ele quis colocar-se em obediência a ela.
Quem, por ter compreendido, sabe obedecer com inteligência, conhece o caminho mais rápido e menos doloroso da salvação.
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1 comentário
As Noúres -Técnica e Recepção das Correntes de Pensamento - Auta de Souza · 29 de agosto, 2022 às 14:57
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