A hora da Ave-Maria – na Terra quando o Sol se põe, muitos elevam suas preces à Mãe de Jesus. No plano espiritual também assim acontece.
A suavidade do crepúsculo, as estrelas que principiam a surgir, a natureza que silencia, tudo convida ao recolhimento…
Acreditamos que isso que acontece na Terra é reflexo de uma atitude muito maior e mais profunda que ocorre no Mundo dos Espíritos.
Eis como a sensibilidade de Camilo registrou a hora da Ave Maria na Cidade Esperança:
As solenidades do Angelus encontravam-nos, frequentemente, ainda no parque.
Acentuava-se a penumbra em nossa Cidade e nostalgia dominante envolvia nossos sentimentos.
Do Templo, situado na Mansão da Harmonia, região onde se demoravam com frequência os diretores e educadores da Colônia, partia o convite às homenagens que, naquele momento, seria de bom aviso prestarmos à Protetora da Legião a que pertencíamos todos – Maria de Nazaré.
Pelos recantos mais sombrios da Colônia ressoavam então doces acordes, melodias suavíssimas, entoadas pelos vigilantes.
Era o momento em que a direção geral rendia graças ao Eterno pelos favores concedidos a quantos viviam sob o abrigo generoso daquele reduto de corrigendas, bendizendo a solicitude incansável do Bom Pastor em torno das ovelhinhas rebeldes, tuteladas da Legião de sua Mãe amorável e piedosa.
E era ainda quando ordens desciam de Mais Alto, orientando os intensos serviços que se movimentavam sob a responsabilidade dos dedicados servos da mesma Legião.
Todavia, não éramos obrigados a orar.
Fálo-ía-mos se o quiséssemos.
Em Cidade Esperança, porém, jamais tivéramos conhecimento de que algum aprendiz ou interno recusasse agradecer ao Nazareno Mestre ou à sua Mãe boníssima, por entre lágrimas de sincera gratidão, às mercês recebidas do seu inapreciável amparo!
A blandícia daquela oração, cuja simplicidade só igualava à sua própria excelsitude, despertava em nossas mentes as mais ternas recordações da existência: revíamos, levados pelo império de gratas sugestões, os doces, saudosos dias da infância, os vultos carinhosos de nossas mães – ensinando-nos a mimosa saudação do Arcanjo à Virgem de Nazaré, e as palavras inolvidáveis de Gabriel, ungidas de veneração e respeito, repercutiam nas profundidades do nosso “eu” tocadas do saudoso sabor do desvelo materno que, na vida planetária, jamais soubemos devidamente considerar.
Chorávamos! E saudades mui pungentes da Família e do berço natal, do lar que havíamos menosprezado e enlutado, dos entes queridos e amigos que feríramos com a deserção da vida, entornavam-se pelo nosso ser, predispondo-nos a grandes pesares sentimentais, como novas fases de remorsos dolorosos.
Então orávamos, ali mesmo na quietude envolvente do…
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3 comentários
zelma · 24 de novembro, 2022 às 5:54
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zelma · 5 de dezembro, 2022 às 22:10
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A porta - Livro: Pão Nosso - Auta de Souza · 10 de dezembro, 2022 às 14:17
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