Conflito obsessivo – Livro: Sexo e Obsessão – Capítulo V – Psicografado por Divaldo Franco e ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda
Ao adentrar-nos no recinto, deparamo-nos com uma cena dolorosamente chocante. A delicada criança que saudara o sacerdote, havia poucas horas, encontrava-se sentada sobre os seus joelhos, enquanto, emocionado e aturdido, o inditoso sedutor acariciava-a, falando-lhe palavras iníquas, que não eram alcançadas pela mente infantil.
Revendo-se, de alguma forma, sendo seduzido pelo próprio pai enfermo, começou a sentir-se estimulado e a perder o controle. A mente em desalinho disparava ondas de energia mórbida, que logo atraíram o sequaz
desencarnado da véspera, que se lhe acercou truculento e vil, acoplando-se-lhe ao chakra coronário e imantando-se ao paciente a partir do hipotálamo e descendo pela medula espinhal…
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O espetáculo tinha características truanescas, escandalosas, e a sala, com as cortinas cerradas num ambiente de semiobscuridade, facilitava a ocorrência absurda.
A criança, totalmente seduzida, sem noção da gravidade do ato vil que iria suceder, sorria ante as carícias do adulto, agora teleguiado pelo seu terrível obsessor, comprazendo-se os dois no intercâmbio fisiopsíquico, que lhes facultava o recrudescer das paixões mais primitivas. Lentamente o bafio pestilencial de ambos passou a envolver o menino, que não podia suspeitar da trama sórdida, quando se adentrou na sala a mãezinha desencarnada do
pedófilo que, em lágrimas, solicitou a Anacleto que interferisse antes da execução de mais um crime.
O venerando amigo, compreendendo a gravidade do momento, e dando-se conta da necessidade de uma terapia de emergência, cujos resultados fossem capazes de frear futuras crueldades, retirou-se do recinto e trouxe, telementalizada, a diretora do Estabelecimento que, estranhando o silêncio no ambiente e a porta cerrada, solicitou a uma auxiliar a chave mestra, com a qual, abrindo-a, surpreendeu o obsesso, segundos antes da prática do atentado ao pudor.
Tomada de espanto, e gritando, fez com que o indigitado parasse, trêmulo, procurando apresentar escusas para o ato vergonhoso, enquanto o obsessor, colérico e odiento, tentou agredir a mestra que, amparada por Anacleto, e captando-lhe o pensamento, conseguiu dominar-se, libertando a
criança das garras do desequilibrado, e impondo-lhe com severidade:
– O assunto será tratado conforme convém em momento próprio. O senhor retire-se da Escola, por favor, imediatamente!
Tartamudeando, Mauro procurou justificar-se, elucidando que não havia nada além de um mal-entendido, já que ele e a criança eram muito afins, e não via motivo algum que, em verdade, justificasse a encenação do escândalo. A senhora, visivelmente perturbada, segurou a criança no braço com energia, e, embora pálida, manteve a atitude de advertência, solicitando-lhe o afastamento imediato daquele lugar.
A providência radical operada pelo Mentor fora a única maneira de deter a onda de crueldades que o sacerdote vinha praticando. Atônito e envergonhado, Mauro afastou-se, quase cambaleante, sem forças para prosseguir na própria defesa, face às evidências da sua conduta reprochável e cruel. Logo se afastou do Educandário, saiu, quase a correr, como se desejasse fugir de si mesmo.
Convidado pelo Mentor, acompanhamo-lo, a fim de que fosse evitado outro tipo de crime, que seria o suicídio, já que o indigitado obsessor, induzia-o à fuga da realidade, cuja trama o subjugaria por tempo indeterminado na sua
região espiritual de obscenidades inimagináveis.
Enquanto isso, Anacleto solicitou, mentalmente, a cooperação de outro amigo espiritual, e logo se apresentou o irmão Dilermando, que foi encaminhado para inspirar a diretora, antes que a mesma assumisse uma conduta não conveniente para o momento, envolvendo a criança, seus pais e a Escola em um escândalo perfeitamente dispensável. O assunto teria que ser tratado com cuidados especiais e com pessoas capazes de solucioná-lo, sem trazer sequelas morais para a criança e sua família, bem como para outros alunos não envolvidos no drama infeliz.
Chegando à Casa paroquial, Mauro atirou-se sobre a cama e começou a soluçar, quase convulsionando, enquanto era inspirado ao autocídio pelo seu inimigo soez. Tremia como varas verdes e batia a cabeça na parede como se desejasse arrebentá-la, a fim de ver-se livre da pressão cruel de que se sentia objeto. Quase ardia em febre emocional que irrompera após o choque traumático…
A genitora desencarnada pôs-se a suplicar a misericórdia do Pai Todo Amor para o Seu filho doente, reconhecendo a gravidade do delito, porém, aguardando, senão o perdão, pelo menos uma nova oportunidade para a reparação dos dislates que vinham sendo praticados.
O irmão Anacleto acercou-se do infeliz e começou a aplicar-lhe a bioenergia no chakra coronário, desligando o obsessor, que se afastou ruidosamente, blasfemando e ameaçando com impropérios nova urdidura de vingança, ao tempo em que diminuía a capacidade de raciocínio e alucinação do atormentado jovem.
Prosseguiu na ação fluídica, agora distendendo-lhe energias relaxantes, que lhe diminuíssem a rigidez nervosa, a fim de o adormecer, retirando-o momentaneamente do casulo físico, de modo a prepará-lo para o enfrentamento das consequências que a sua sandice havia provocado.
Não demorou muito e Mauro desprendeu-se parcialmente do corpo, sendo carinhosamente recebido pela genitora e por nós outros. Estavam estampados no seu rosto o horror e a vergonha, o desespero e o medo, não entendendo o que acontecia naquele momento. Reconhecendo a mãezinha enternecida, atirou-se-lhe aos braços, qual criança assustada que busca apoio, e entregou-se às lágrimas de dor e angústia que lhe explodiam do peito.
A nobre senhora procurou acalmá-lo com palavras de ternura impregnadas de dúlcido amor, enquanto o infeliz se maldizia, acusando o genitor que o desgraçara emocionalmente.
– Não acuses o teu pai – propôs a Entidade gentil – procurando justificar um erro através de outro. Sem dúvida, a conduta do teu desditado genitor é perversa e infame, no entanto isso não se faz argumento para que te atires pela mesma rampa da alucinação, destruindo a esperança e a pureza de outras vidas que chegam ao teu regaço, buscando orientação e apoio.
A fé religiosa que elegeste é filha do Calvário, havendo nascido dos lábios e da conduta de Jesus, quando preconizou o amor e a caridade, as bem-aventuranças e a misericórdia, nunca um valhacouto para que nele se homiziassem destruidores de existências infantis, que necessitam de exemplos de dignidade e honradez, para prosseguirem pela senda evolutiva.
Parecendo coordenar as ideias, igualmente aflita como se encontrava, prosseguiu, severa, embora sem censura:
– Como pudeste, filho amado, utilizar das tuas forças mentais e físicas para perturbar e desorganizar projetos espirituais materializados em vidas, que são encaminhados para os teus sentimentos? Onde colocaste o raciocínio e os valores morais, para perderes completamente a dignidade e desceres ao abismo das aberrações, utilizando-te dessas flores ainda não desabrochadas, que são as crianças? Como podes alucinar-te ante elas e feri-las mortalmente, a fim de dares vazão aos teus vícios e perplexidades? Onde tens colocado Deus e Seu filho Jesus? Como conseguiste expulsá-los da mente e do sentimento?
– Sou um monstro, mamãe – gritou, estorcegando-se – que não merece sequer misericórdia, quanto mais o perdão. Não nego que conheço a gravidade do meu delito e que me debato na prece, procurando amenizar a volúpia insana que me toma com frequência. Mas não consigo libertar-me da sede maldita.
Sinto-me arrastar cada dia para a parte mais profunda do abismo, sem esperança de retorno, asfixiando-me com sofreguidão no pântano a que me arrojo. Apieda-te de mim, tu que convives com os anjos dos Céus!…
– Sem dúvida, tenho-te buscado amparar – explicou a senhora dedicada – mas vives surdo aos meus apelos. Os anjos do Senhor têm-te procurado proteger e resguardar-te da doença sórdida que te devora de dentro para fora, mas os impulsos inferiores que vitalizas com a mente em desalinho não te permitem escutá-los, e foges para o deboche, para as cenas de perversão que registras em películas para futuros gozos… As tuas horas, que deveriam ser de estudo, meditação, prece e caridade, como recomenda o Evangelho libertador, aplica-as em viagens, mantendo contato com outros atormentados como tu mesmo, intercambiando fotografias obscenas e películas devassas, nas quais as personagens são essas vidas em formação, que com eles arrebentais, nos tristes espetáculos de aberração e selvageria.
Hoje, meu filho, soa o teu momento de retificação, de despertamento. A dor, que te dilacerará a alma, a partir deste momento, será também o teu salvo-conduto para novas experiências de reparação. Não temas o aguilhão, nem fujas do necessário resgate, seja qual for o preço que se te imponha. Agora ouve o que te orientará o Benfeitor Anacleto, que veio, atendendo aos meus e aos teus rogos, para auxiliar-te.
Mauro relanceou o olhar e deparou-se conosco, tomado de grande espanto. Recompôs-se, sentando-se no leito, e sem ocultar a vergonha que o dominava, continuou chorando em silêncio.
Anacleto, portador de grande sabedoria e com admirável tato psicológico saudou-o em nome de Jesus, conforme faziam os cristãos primitivos, e elucidou:
– Todos procedemos do mundo de sombras dos instintos, adquirindo lentamente a razão, a fim de alcançarmos a angelitude distante, que nos aguarda. Essa jornada imensa e grandiosa é assinalada por dificuldades e desafios crescentes. Não é, pois, de estranhar, que muitos de nós nos demoremos na retaguarda, vinculados aos prazeres apaixonantes e escravizadores com os quais nos comprazemos.
Etapa a etapa, experiência a experiência, adquirimos entendimento e compreensão dos deveres que, só vagarosamente, nos libertarão dos vícios longamente preservados. Somos efeito dos próprios atos, trabalhando para alcançar patamares mais elevados de virtudes e de santificação.
Desse modo, encontras-te recolhendo a urze deixada pela estrada, que deves retirar, percorrendo-a novamente, agora a duras penas. O crime praticado vincula o seu responsável ao cenário onde aconteceu, e somente retornando ali é que o mesmo terá recursos para superar as consequências inditosas dele resultantes.
Mauro estava surpreso. Ignorava completamente o que estava acontecendo. Em determinado momento, tomado de mais espanto, indagou, quase a medo:
– Quem sois? Algum anjo julgador dos meus erros ou Emissário divino para punir-me?
– Nem uma, nem outra coisa – respondeu o generoso Espírito. – Sou teu irmão, que vem em teu auxílio, atendendo as rogativas que dirigiste ao Senhor da Vida, qual vem fazendo tua genitora sofrida e ansiosa.
Aqui estou, a fim de despertar-te para o dever que ficou esquecido, e para o ressarcimento dos gravames que têm sido praticados, nas orgias da loucura e da perversão. Não te censuramos, menos te julgamos, porque também já transitamos pela Terra, conhecendo as armadilhas que nos retêm o passo e as dificuldades que se multiplicam, a cada instante, ameaçadoras. Não te espantes, portanto.
Somos teu companheiro de jornada, mais vivido, é certo, porém, mais sofrido, mais confiante em Deus.
– Por que, então, a sina que me desgraça, este destino cruel que me consome, essa perturbação que me cilicia, se fui vítima de meu pai e sei quanto é cruel para uma criança a marca que lhe fica após o atentado ao seu pudor?
– Somos viajantes e sobreviventes de muitas marchas e procelas, nas quais assumimos comportamentos indesejáveis e crucificadores, que se repetem até que os superemos pelo amor que vem de Deus e teimamos em não levar em consideração.
Esse estigma te segue, desde há muito, quando te entregaste a desmandos e desvarios sexuais, em ocasião que desfrutavas do poder transitório no mundo terrestre. Iremos fazer-te recordar algumas das cenas mais fortes que ficaram gravadas em teu mundo íntimo, e de onde procedem os males atuais que te aturdem. Repousa…
O corpo de Mauro se encontrava em sono profundo, enquanto, em espírito, era também adormecido, a fim de que a sua memória liberasse algumas lembranças anestesiadas pelos neurônios cerebrais e seus neuropeptídeos.
Com a voz muito calma, em cadência harmônica, o Instrutor impunha o repouso profundo ao paciente:
– Recorda, agora recorda o início do século XIX; volve à Paris napoleônica, retorna à Mansão de M., às orgias comandadas por Madame X…
Observa o bosque em torno da casa palaciana e acompanha as festas de exaustão dos sentidos, a embriaguez pelo álcool, pelo absinto, pela luxúria esfuziante e depravada…
Madame X comanda o espetáculo, em razão dos seus vínculos obscenos e extravagantes com o palácio das Tulherias, a mansão de Malmaison e alguns dos seus famosos políticos e parasitas sociais…
O nobre Amigo espiritual sugeriu-nos que nos concentrássemos no centro da memória do paciente e acompanhássemos o desenrolar dos fatos. À medida que lhe ia enunciando o lugar e seus acontecimentos, o rosto de Mauro se modificava, assumindo outras características, agora femininas e vulgares.
Vagarosamente plasmavam-se nos delicados tecidos perispirituais as formas e a aparência anteriores, quando, utilizando-se de verbetes e versos fesceninos, o paciente sob hipnose volveu ao lupanar onde vivia e comandava a orgia desenfreada.
Entre as ordens que seus lábios expediam, assinalava-se a hedionda imposição da necessidade de crianças para os banquetes da loucura desenfreada, de psicopatas e de histéricas para os histriões e viciados que, à
semelhança de animais no cio, se atiravam uns sobre os outros locupletando-se em aberrações de muitos gêneros sob o comando compassivo da proprietária, igualmente debochada.
Num desses momentos, um lacaio apresentou-lhe uma criança de oito anos que fora tomada quase à força do pai devotado e trabalhador, que residia na periferia da cidade, e que se encontrava à porta, desejando falar-lhe, suplicar-lhe a libertação da presa valiosa.
A infeliz mulher mandou-o entrar, e, sem delongas nem pudor, propôs ao genitor aturdido a compra do seu filho, atirando-lhe um saco de moedas de ouro que, recusadas, conduziram-no a um quase delírio de ódio, ameaçando-a com palavras chulas de vingança pelo descalabro de roubar-lhe o filho…
Expulso, sem piedade, e sem ter a quem queixar-se, o desditoso, em pranto e alucinado, desapareceu na noite, ruminando o desforço ante a tragédia que se abatera sobre o seu lar.
– Reconheces, Mauro – interrogou o Mentor – esse homem que vitimaste com a tua crueldade e desabrida falta de moral? Reencarnou-se como teu genitor, e não te havendo perdoado, sem mesmo saber a procedência dos sentimentos ambíguos que mantinha em relação a ti, tornou-se o teu algoz infantil, o cruel explorador das tuas forças e pureza.
Desditoso, sim, continua, porque ninguém tem o direito de fazer justiça com a própria indignidade, pois que as Leis Soberanas da Vida sempre buscam o calceta e o alcançam, levando-o à reparação.
O ódio, porém, semeia venenos que são absorvidos, intoxicando aqueles que o conservam. Houve um silêncio de perplexidade. Mauro/Madame X, comoveu-se, e estertorou.
Anacleto, porém, prosseguiu:
– Conservas uma herança infeliz daqueles dias passados em desrespeito à Vida. A misericórdia do Pai Criador trouxe-te de volta ao corpo, a fim de reparares, encarcerado em corpo diferente, e para que não resvalasses pela borda de novos crimes, porém como filho daquele a quem infelicitaste, para experimentares o licor amargo da recuperação moral.
Isso, entretanto, não justifica o desbordamento das paixões a que te vens atirando, afogando-te no trágico pantanal de lascívia e perversão.
O paciente sofria ante as cenas que ressumavam do inconsciente, e que conseguíamos acompanhar na sucessão de suas tragédias. Repentinamente, vimos um poderoso membro do Império napoleônico acercar-se da grandiosa mansão com o seu séquito, e manter entrevista com Madame X.
– Necessitava – expunha, diabólico, logo que foi recebido – de carne moça, muito jovem, sem experiência, a fim de ser-lhe o iniciador… Madame, besuntada de tintas escarlates na face envilecida, não teve dificuldade em atender a hórrida solicitação, mandando trazer-lhe a criança recém-chegada ao bordel de luxo, após o que entregou-a ao psicopata que, cansado de batalhas cruéis e de excessos de perversão, aspirava por prazeres novos ainda não desfrutados à exaustão.
O menino, apavorado, conduzido à força, foi entregue ao militar desnaturado, que o levou com a sua corte igualmente insensata…
A voz do Benfeitor fez-se ouvir, interrogativa:
– Sabes quem é este ser? Consegues identificá-lo hoje? Dir-te-ei que o mesmo, ao largo dos anos, adaptou-se à situação, mantendo terrível ódio contra ti. Na idade adulta, tornando-se corrompido ao máximo, nunca esqueceu a cena em que o pai desesperado recusou a oferta de ouro pela sua inocência e a tua perversidade empurrou-o para o lixo e o apodrecimento moral a que foi relegado.
A morte, que a todos recolhe, tomou-vos a todos, e a Vida voltou a reunir-vos no momento próprio, a fim de que recupereis os tesouros atirados fora e as oportunidades perdidas. Sabes de quem se trata?
O sacerdote, incapaz de responder com segurança na aflição que o dominava, facultou que o Mentor concluísse:
– É o algoz que ora te arrebata e te conduz ao abismo sórdido da cidade do deboche onde reside com outros comensais dos prazeres exorbitantes e exaustivos do sexo pervertido.
Manténs com ele identificação vibratória que lhe faculta o domínio das tuas forças mentais, saturando-te de fluidos venenosos e desordenados desejos de prazeres não saciáveis.
Após uma curta pausa, voltou a propor com energia e bondade:
– Agora, desperta, volta à consciência lúcida atual. Volta… Acorda…Confia e tranquiliza-te…O Espírito estremeceu, desapareceram-lhe as marcas da reencarnação anterior e ele abriu os olhos, angustiado, inseguro, temeroso.
– Tem bom ânimo, meu irmão – acalmou-o o nobre Anacleto.
Estás agora entre amigos e companheiros do caminho, que te desejamos o bem, a felicidade, o despertar para a vida, a fim de que esse tormento e esse capítulo hediondo da tua existência cedam lugar a novas experiências iluminativas, libertadoras.
Voltarás ao corpo físico mantendo vagas lembranças destas ocorrências, que estarão presentes em tua memória atual, a fim de ajudar-te a enfrentar as consequências da conduta atroz a que te relegaste. Nunca, porém, esqueças de Jesus. Abraças uma doutrina religiosa que consagrou santos e heróis, mártires e benfeitores da Humanidade, na qual também tiveram lugar homens e mulheres temerários, que respondem por crimes contra a criatura e a sociedade, mas que te poderá conduzir à paz, se souberes aceitar as injunções que desencadeaste contra ti mesmo e que logo mais te chamarão ao acerto de contas.
A genitora abraçou-o com especial ternura, despedindo-se e acalmando-o com palavras tecidas em fios de esperança e fé em Deus, auxiliando-o a reintegrar-se ao corpo, que ressonava um pouco agitado, pelos reflexos dos acontecimentos revividos na esfera espiritual.
A seguir, vimos Mauro despertar, sentindo-se muito cansado e confuso. Levantou-se, banhou o rosto em água fria, absorveu o ar da manhã em festa, aproximando-se do meio-dia, e volveu à meditação, sucumbindo sob os camartelos dos receios que o dominavam.
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